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CONTAGEM REGRESSIVA

Em encontro com consultores, especialista da Vanzolini alerta para o encerramento do prazo de transição para a ISO 9001:2015 e destaca aspectos relevantes da nova versão

Como você já deve saber, o prazo de transição da norma ISO 9001 para a versão 2015 se encerra em 14 de setembro de 2018. Tendo em vista que o tempo está correndo e muitas organizações ainda não concluíram a migração, a diretoria de Certificação da Fundação Vanzolini organizou em março, em sua unidade na Avenida Paulista, um encontro com consultores de sistema de gestão para debater as principais alterações propostas na nova versão da norma.


A condução do debate ficou a cargo do gerente da Qualidade, Airton Gonzalez, que logo no início de sua apresentação lembrou os presentes de que os certificados emitidos pela Vanzolini na versão 2008 já têm a validade limite de 14/09/2018. “Estamos chegando ao período final para a transição, a data é 14 de setembro. Depois disso os certificados perdem a validade e há cerca de 1,1 milhão de certificados em uso”, alertou o gestor.
Da esquerda para a direita, Bruno Casagrande, Simone Custódio e Airton Gonzalez na abertura do evento sobre a ISO 9001:2015 

Além disso, de acordo com orientação do IAF – International Accreditation Forum (associação mundial para desenvolvimento de princípios e práticas para a condução da avaliação da conformidade), desde março, todas as auditorias de certificação, supervisão e recertificação passaram a ser realizadas no novo padrão 2015. Com isso, deixou claro que não há tempo a perder. 


Relevância da ISO 9001


Segundo comunicado do IAF, a nova norma ISO 9001 “incentiva um maior envolvimento da liderança no sistema de gestão, introduz o conceito de mentalidade baseada em risco e alinha a política e os objetivos do sistema de gestão da qualidade com a estratégia da organização”. (Clique aqui para ler o texto na íntegra.)


Durante o encontro, Airton Gonzalez procurou comentar essas e outras questões relevantes relacionadas à nova versão da ISO 9001. Um dos pontos destacados pelo especialista é o fato de a norma tornar-se cada vez mais genérica, fazendo com que setores específicos estejam pedindo programas específicos. “Isso já aconteceu na área automotiva, com a ISO/TS 16949, na área de telefonia, com a TL 9000, na área de serviços de TI, com a ISO/IEC 20000-1. Agora, na área de segurança viária, a 9001 vai dar lugar à ISO 39001”, explicou. “São vários padrões, que no fundo têm a 9001 como coluna vertebral, com requisitos específicos.”


Embora haja quem diga que a ISO 9001 esteja perdendo força no mundo, Airton mostrou um cenário, baseado no ISO Survey (fonte voluntária de informações disponibilizadas pela ISO) e no Certifiq (fonte de dados de caráter compulsório vinculada ao Inmetro), em que essa desconfiança não se confirma.

Segundo o gestor, essas fontes trazem informações que não são um espelho da realidade, mas servem de base para análise. “A 9001 cresceu 7%, no período entre 2015 e 2016, no mundo. No Brasil, ela cresceu 19%. Sempre lembrando que há um ano de delay na preparação dos dados. Então o pessoal está organizando as informações de 2017 agora, e os números referentes ao ano passado devem aparecer em setembro”, informou.

Quanto aos dados referentes à transição para a ISO 9001:2015, em março, as informações eram alarmantes. Segundo o especialista, até março de 2018, apenas 35% das organizações haviam migrado para a nova versão. “E esse não é um fenômeno local. Temos contato com os parceiros da rede IQNet e se trata de um fenômeno mundial. Há uma variação de um ou dois pontos dependendo do país”, destacou Airton.

Conceitos importantes


Embora a norma tenha alterações em sua nova versão, ela mudou de objetivo? Airton salientou que não.

De acordo com documento do IAF, os resultados esperados para uma certificação acreditada da ISO 9001 preveem que a organização que se comprometeu a fornecer produtos e serviços deva fornecer esses produtos e serviços conforme os requisitos que ela acertou com o cliente. “Nesse objetivo a norma não mudou. Houve mudança no formato para garantir que a organização possa trabalhar de forma preventiva para atender aos requisitos do cliente”, esclareceu Airton.

Para a ISO 9001, os objetivos são o resultado a ser alcançado. “Os objetivos podem ter diferentes aspectos e podem aplicar-se em diferentes níveis (tais como estratégico, em toda a organização, de projeto, de produto e de processo)”, acrescentou.

Nesse contexto, o risco é o efeito da incerteza nesses objetivos propostos. “Portanto, se não há objetivo, se não há resultado pretendido, não há risco”, afirmou. “O risco está no efeito sobre o objetivo ou resultado pretendido, enquanto a incerteza está nos fatores dos processos. Organizações que lidam bem com riscos, convivem com incertezas, sem que elas causem efeitos indesejáveis.”

Airton salientou ainda que a ISO 9001:2015 requer que se determinem riscos, mas não requer que os riscos sejam quantificados por um processo formal. Por isso, deve-se notar a evolução da mentalidade de risco em relação à antiga ação preventiva.

Se de um lado a norma deixou de requerer procedimento documentado e deixou de requerer registros, de outro, trouxe requisitos para promover o uso da mentalidade de risco, para que os riscos e oportunidades que possam afetar a qualidade e a capacidade de aumentar a satisfação do cliente sejam efetivamente abordados. “Um Sistema de Gestão da Qualidade que mantenha a estrutura muito centralizada, orientada a procedimentos e registros, eventualmente pode não ter capacidade de resposta para lidar com riscos e oportunidades nos seus mais diversos níveis internos”, alertou. “A mentalidade de risco foi um dos pontos que geraram dificuldade de entendimento da nova versão da norma.”

Portanto, é essencial ter claro que o risco existe sempre em função do objetivo estabelecido com o cliente. Isso não significa, contudo, que a organização e seus gestores tenham de mapear todos os riscos que podem ocorrer no dia a dia. “É importante identificar aqueles relacionados aos objetivos do negócio visando à satisfação do cliente”, complementou Airton.

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